terça-feira, 5 de abril de 2011

Repartições públicas adotam nova categoria: os ‘trabalhantes’

Por Jéssika González

O recente projeto no Congresso que cria o posto de ‘trabalhante’ já está dando o que falar. O novo cargo seguiria a fórmula da expressão ‘namorido’, que designa quem não é nem namorado, nem marido. Assim também o ‘trabalhante’ mesclaria trabalhador com estudante uma vez que a pessoa não precisaria estar estudando, receberia como um funcionário comum, trabalhando apenas 30 horas semanais; mas não teria direito ao INSS nem ao FGTS.
                O chefe de uma seção da Universidade de São Paulo disse já pretender aplicar a categoria aos seus funcionários. Argumenta ele:

“Bom, ninguém trabalha muito lá mesmo, então eles não podem se denominar trabalhadores. Mas veja bem a idade deles, é visível que ninguém mais é estudante por ali... O que andam criticando no projeto não é a realidade que vivemos na USP.
Primeiro, as greves podem muito bem suprir as férias deles. Segundo, décimo terceiro eles darão um jeito de arranjar por fora, não sejamos cínicos aqui, eles se viram. Por último, se alguém sofrer algum tipo de acidente e precisar de reclusão, sem problemas porque sua função provavelmente não fará muita falta e, além disso, tenho pensado em levar ao reitor a ideia de que um estudante pode substituí-lo por um tempo, claro, ganhando menos porque seria, naturalmente, um estudante (risos).
Portanto o FGTS não será um problema. Já quanto ao INSS é claro que farão protestos, muitos ali estão para se aposentar. Mas com os cortes de aposentados que o reitor vem realizando na universidade pode até ser que eles se acalmem e aceitem as condições... Sim, acho bem provável.”


Jéssika González é jornalista formada pela ECA/USP, atua na área de educação e colabora com o blog Mateus: O Espetacularizador.